ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL
IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLEIA DE DEUS EM ENGENHOCA
NITERÓI - RJ
LIÇÃO Nº 10 - DATA04/12/2015
TÍTULO: “A ORIGEM DA DIVERSIDADE CULTURAL DA HUMANIDADE"
TEXTO ÁUREO – Gn 11.6
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Gn 11.1-9
PASTOR GERALDO CARNEIRO FILHO
IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLEIA DE DEUS EM ENGENHOCA
NITERÓI - RJ
LIÇÃO Nº 10 - DATA04/12/2015
TÍTULO: “A ORIGEM DA DIVERSIDADE CULTURAL DA HUMANIDADE"
TEXTO ÁUREO – Gn 11.6
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Gn 11.1-9
PASTOR GERALDO CARNEIRO FILHO
I - INTRODUÇÃO:
O
capítulo 11 de Gênesis apresenta dois assuntos distintos. Até o versículo 9
temos o episódio de Babel e da confusão
de línguas. O restante do versículo (do 10 a 32) reapresenta a família de Sem,
de forma a possibilitar o surgimento de Abraão. O capítulo mostra a confusão
surgida entre os homens e deixa a trilha que será seguida e desenvolvida depois
pelos escritores bíblicos: a história da salvação, que começa com a chamada de
Abrão.
II - UM CENÁRIO DE
UNIDADE:
A humanidade é uma só - Atos 17.26 -
Todas as raças descendem de Noé.
Surge uma questão: como temos,
então, a diversidade de línguas e de aparências?
O capítulo responde. A humanidade
era pequena após o dilúvio. O evento de Babel se deu pouco tempo depois do
dilúvio.
Conforme lemos Gn 10.5, a confusão
de línguas e repartição de terras não sucedeu muito tempo após o aniquilamento
do mundo pelas águas.
Há uma unidade entre os homens,
deixa claro o texto. Mas a humanidade não a usa para o bem.
Um fator positivo é transformado em
motivo de orgulho e na busca de autossuficiência. O mal mostra mais uma de suas
faces: tem uma dimensão social. O pecado agora não se apresenta em nível
individual, mas se mostra em dimensão coletiva. Os homens querem grandeza e
buscam segurança em si, contra Deus, para que não sejam mais atingidos por
alguma catástrofe. O velho e ainda existente orgulho humano: prescindir de Deus
e resolver todos os problemas por si mesmo.
III - A MESMA FALA E O
MESMO RUMO — Gn 11.1-2:
Toda a humanidade de então tinha
"uma só língua e um só idioma". O texto hebraico traz, literalmente,
"lábio" (que alguns interpretam como "sotaque") e
"palavras" (que seria "o mesmo vocabulário"). A comunicação
entre os homens, portanto, não era tão difícil, pelo menos em termos de
compreensibilidade Não haveria muito impedimento se quisessem firmar bons propósitos.
Isso não sucede. Afinal, "a imaginação do coração do homem é má desde a
sua meninice" (8.21). A boa comunicação produzirá maus resultados.
Deslocando-se, a humanidade de então
(provavelmente a relatada em Gn 10.5) chega até a planície de Sinear, considerada
como a planície de Babilônia.
A expressão "e ali
habitaram" não deve nos passar despercebida. A ordem divina era
"enchei a terra" não apenas no sentido de povoamento, mas no sentido
de expansão, de esparramamento das pessoas pela face da terra. Mais uma vez
temos ajuntamento. A sequência do texto deixa claro que não havia o propósito
de se espalharem, mas o de se concentrarem. O espírito de desobediência e de
rebelião contra Deus é muito forte no homem (veja o Salmo 2 e compare com a
nossa situação anterior e a do mundo sem Cristo, em Efésios 2.1-3).
A fala é a mesma. O vocabulário é o
mesmo. O rumo é o mesmo. Há também um mesmo propósito. Só que não é bom. É
direcionado contra Deus.
IV - ORGULHO E
INSEGURANÇA - Gn 11.2-4:
Na comunicação fá e ampla entre si,
a humanidade decide por duas construções: Uma cidade e uma torre.
Se aceitarmos que essa cidade
recebeu o mesmo nome da torre, Babel (Gn 11.9), o líder desse movimento teria
sido Ninrode ( Gn 10.8, 10), esta é uma interpretação que devemos considerar.
As obras das duas construções
manifestam, ao mesmo tempo, poder e insegurança. Os homens querem realizar uma
coisa grandiosa. Ao mesmo tempo, temem ser dispersos pelo mundo. Há até uma
ironia na história: querem realizar uma obra grandiosa com tijolos de barro
cozido e não com pedras. Sem saber, estavam sintetizando, de forma figurada, os
esforços humanos ao longo da História: o desejo de realizar obras imperecíveis
com material perecível. A ostentação humana é facilmente captada na linguagem
utilizada: "Edifiquemos...nós...façamo-nos um nome... não
sejamos...".
A expressão "cujo cume toque no
céu" merece ser comentada. É óbvio que eles não pensavam que podiam
construir até chegar num teto fixo. Uma sociedade que podia construir uma arca
e levantar prédios não nutriria esta concepção tão primária do universo.
A Bíblia Vida Nova faz uma
observação bastante lúcida: "Eles tinham conhecimento maior do que o que
se revela nesse esforço por construir uma torre que alcançasse o céu. A melhor
tradução do texto seria a seguinte: 'Uma torre com o céu no tope'.
Nos sítios onde foram edificadas
muitas das antiquíssimas cidades da Mesopotâmia encontram-se os remanescentes
das torres que teriam sido construídas e ficaram incompletas, atingindo apenas
alguns andares.
Nas plaquetas de barro, tais torres
são referidas como 'zigurates' e relacionam-se com a vida religiosa dos povos
antigos que ocupavam aquelas regiões. Na parte mais alta dos 'zigurates'
encontravam-se, usualmente, locais de culto e sacrifício".
À luz desta observação, não é
equivocado presumir que talvez tenham tentado também uma religião universal.
Além da desobediência em não se espalharem, um grave perigo estava por trás de
tudo isso: um líder, Ninrode, com o desejo de dominar o mundo, e impondo uma
estrutura religiosa que provavelmente seria usada para legitimar seu domínio.
Teríamos um homem tentando ser Deus. Tais observações não podem ser descartadas
de nosso raciocínio.
V - "FAÇAMO NOS UM NOME" — Gn 11. 4:
A expressão contida no versículo 4 é
cheia de orgulho. Além da forma em que os pensamentos se expressam, encontramos
a frase "façamo-nos um nome". O orgulho de querer ser conhecido, de
ser famoso. É o orgulho humano retornando ao cenário bíblico, não em expressão
individual, como em Gn 3.5, mas em expressão coletiva.
Deus fez um nome para si. Em Isaías
63.12 e Jeremias 32.20 se diz que Deus criou para si um nome eterno Mas Seu
nome não foi constituído por meio de dominação ditatorial sobre os outros, mas
da libertação que Ele concedeu a Israel.
Deus se tornou conhecido pelo Seu
amor, pelo Seu poder libertador. Essa é a diferença entre Ele e o homem corrompido.
Deus não prima pela ostentação e, sim, pela libertação que traz para o Seu
povo.
Por fim, Deus estabeleceu um nome
que é sobre todo o nome, o nome de Jesus Cristo diante de quem todos os joelhos
hão de se dobrar e a quem toda língua há de confessar como Senhor (Fp 2.9-10).
Mas também pelo Seu poder amoroso e pela salvação eterna que oferece aos
homens.
VI - VEM A CATÁSTROFE - Gn 11.5:
Enquanto os homens procuram subir, Deus desce.
"Desceu o Senhor" é mais um dos muitos antropomofismo que o autor de
Gênesis gosta de empregar e que tanto
nos ajudam a compreender as ações divinas. A ideia não é que Ele desceu
acidentalmente e casualmente viu os que os homens faziam. Meio sem querer. O
interesse foi localizado: Ele desceu para ver o que os homens faziam naquele
lugar e naquele momento, naquela obra.
A linguagem figurada aqui empregada é para mostrar que o
esforço humano não passou despercebido a Deus. Ele sabe o que os homens fazem.
Ele vê os maus desígnios e se desgosta.
Um comentário sobre a torre mostra que realmente Deus
deveria se sentir desgostoso com a atividade humana: Sua estrutura elevada
seria um monumento à sua energia, coragem, gênio e recursos.
Muitas cidades, tais como Babilônia, Sodoma, Gomorra,
Sidon, Tiro e Roma experimentaram de tudo, menos uma estrutura piedosa.
Quando os homens desprezam a lei e a graça de Deus, e
exaltam a si mesmos, a catástrofe é inevitável. Não havia piedade espiritual, não
havia espaço para Deus e sobrava orgulho humano. A catástrofe era inevitável.
A semelhança com nossa época é muito grande. Os homens
também não querem Deus, não cogitam dEle e se gabam de seus feitos, muitos
deles pequenos e inexpressivos, mas grandiosos aos seus olhos míopes.
VII - DEUS ANIQUILA O ORGULHO
HUMANO - Gn 11.6-8:
Deus considera que o povo é um e fala
a mesma língua. O entendimento é suficiente para que suas obras não tenham
restrições. Se intentassem uma religião universal e tivesse um dominador como
Ninrode, onde chegaria a humanidade? Pode-se presumir como teria sido o mundo
se um homem como Hitler se impusesse aos demais, legitimado ainda por um
sistema religioso?
A unidade boa é motivo de paz e
convivência sadia. A baseada no orgulho e na força é uma desgraça. Por isso a
Bíblia entende que, em certos casos, é melhor dividir que apostatar (Lc
12.51-53).
O "desçamos, e confundamos"
deve ser entendido no mesmo contexto do "desceu o Senhor". Uma
linguagem figurada. As línguas são confundidas e a comunicação se torna
difícil. O trabalho imediato é frustrado, embora os homens, ao longo da
História e ainda hoje, continuem desafiando a Deus em sua arrogância.
VIII - PORTA DE DEUS OU
CONFUSÃO?— Gn 11.9:
"Por isso se chamou o seu nome
Babel". Seu, quem? Da torre, apenas? Da torre e da cidade? Bhabhel
significa, literalmente, "porta de deus" ou mesmo "porta de
Deus". Soa parecido com bhalal, do verbo "confundir" por isso o
jogo de palavras, dizendo que lave os confundiu.
Diz-se que os caldeus, cuja capital
era Babilônia, gostavam de dizer que "Babilônia era a porta do céu",
ao passo que os hebreus respondiam que Babilônia era "confusão". O
fato é que o orgulho humano foi confundido.
Em Isaias 14.13-14, vemos o orgulho
de Babilônia, a sucessora de Babel: "Eu subirei ao céu; acima das estrelas
de Deus exaltarei o meu trono; e no monte da congregação me assentarei, nas
extremidades do norte; subirei acima das alturas das nuvens, e serei semelhante
ao Altíssimo". No versículo imediato vemos a resposta de Deus: "Contudo
levado serás ao Seol, ao mais profundo do abismo".
"Seol" é o hebraico Sheol,
o mundo dos mortos, que se julgava ser um mundo subterrâneo. Para quem pensava
em subir, era uma queda. Aliás, as ruínas de Babilônia (cujo relato de
destruição se pode ler no capítulo 5 de Daniel), quando encontradas, estavam em
montanhas de lixo de até 24 metros de altura. Para quem pensava subir e ser
semelhante ao Altíssimo, uma queda e tanto. E, o que é pior, no lixo!
Citamos uma observação de Kidner,
que além de esclarecer, contextualiza o episódio, trazendo-o para os nossos
dias: "Na Bíblia esta cidade veio a simbolizar crescentemente a sociedade
ateísta, suas pretensões (Gn 11), perseguições (Dn 3), prazeres, pecados e
superstições (Is 47.8-13), suas riquezas e sua ruína final (Ap 17 e 18). Uma de
suas glórias foi seu enorme ziggurat, montanha artificial encimada por um
templo cujo nome, Etemenanki, sugeria a ligação de céu e terra. Mas foram os
seus pecados que se acumularam até o céu (Ap 18.5). No Apocalipse ela é
contrastada com a Santa Cidade que desce 'do céu', cujas portas abertas unem as
nações (Ap 21.10,24-27).
Deus ridiculariza e derruba o
orgulho humano (leia Jeremias 51.53), mas Ele e apenas Ele traz a verdadeira
união entre os homens, abrindo-lhes as portas ao céu, para que todos se juntem
como um só povo, a multidão dos redimidos. Em Cristo, somente nEle, há a
verdadeira união: "Não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não
há homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus" (Gl 3.28).
Na Igreja há a união proposta por
Deus. Línguas diferentes, costumes diferentes, culturas diferentes, mas um só
povo. A Igreja de Jesus é a resposta divina demonstrando aos homens que é
possível haver ajuntamento. Os outros esforços terminam em "Babel",
isto é, em confusão.
IX - CONSIDERAÇÕES FINAIS
- AS LIÇÕES DA CONFUSÃO DE LÍNGUAS PARA NÓS:
Mesmo a confusão pode trazer luz. O
episódio estudado mostra que há mensagens positivas para nós. Vejamos quais
são:
(l) - Vemos com que facilidade o
homem usa aspectos positivos da vida para o mal. O fato de haver uma só língua
e um só vocabulário deveria trazer grandes benefícios para a humanidade viver
bem. Trouxe conspiração contra Deus. Serviu para colocarem em desenvolvimento
um plano para resistir as ordens de Deus. A energia nuclear que, dizem os
entendidos, permitiria plantar de manhã e colher à tarde, eliminando assim a
fome, serve como fantasma da destruição final, porque é utilizada para armas
nucleares. O mesmo álcool que serve para medicamento e para combustível, produz
a bebida que embriaga e degrada. Realmente, "a imaginação do coração do
homem é má desde a sua meninice" (Gn 8.21). Por isso um bom conselho para
nós, cristãos, é cultivarmos a mente de Cristo e pensarmos nas coisas que são
de cima (Cl 3.1-3).
(2) - Vemos a ironia de uma situação
ainda corrente: o homem que deseja realizar feitos impressionantes para
conseguir notoriedade tem insegurança e medo. Como o ser humano é complexo!
Alguém o definiu como "um gigante nuclear e um anão ético". Também se
pode dizer que é um gigante tecnológico e um pigmeu emocional. E em vez de
buscar a segurança que há em Cristo, a tranquilidade que uma vida descansada em
Deus pode ter, busca sua afirmação em distanciar-se de Deus. Não há segurança
fora de Deus.
(3) - Babel nos mostra onde o
esforço humano termina: em confusão. Num contraste com esta situação, o
evangelho oferece a possibilidade dos homens viveram em união, como uma
família, como irmãos em Cristo. Em Babel houve confusão de línguas. No dia de
pentecoste houve entendimento de línguas. Foi uma amostra daquilo que Deus pode
fazer por nós e daquilo que experimentaremos quando entrarmos pelo portão do
céu, não em Babel ou Babilônia, mas na cidade santa (Ap 22.14).
(4) - "E procuras tu grandezas
para ti mesmo? Não as busques; pois eis que estou trazendo o mal sobre toda a
raça, diz o Senhor, porém te darei a tua vida por despojo, em todos os lugares
para onde fores" (Jr 45.5). Nesta palavra de Deus ao seu profeta somos
exortados a não buscar as grandezas humanas. Elas estão sob juízo divino. Se
alguém quer grandeza e glória, se alguém deseja se gloriar, eis o que diz a
Palavra de Deus: "Mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em entender, em
entender e me conhecer, que eu sou o Senhor, que faço benevolência, juízo e
justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o Senhor" (J r9.24).
A maior glória humana está em
conhecer o Deus Eterno cujo poder criador e domínio sobre a natureza vimos
nestes estudos. Relacionar-se com o Criador e poder chamá-lo de "Pai"
com a autoridade que Cristo outorga aos que nele creem, é a maior glória
humana. Que nunca seja minimizada por nós. E que lutemos para que outros
experimentem.
FONTE DE PESQUISA E CONSULTA:
Gênesis
I - JUERP - Isaltino Gomes Coelho Filho
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