ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL
IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLEIA DE DEUS EM ENGENHOCA
NITERÓI - RJ
LIÇÃO Nº 07 - DATA: 18/05/2014
TÍTULO: “O MINISTÉRIO DE PROFETA”
TEXTO ÁUREO – I Cor 12.28
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: II Cor 12.27-29; Ef 4.11-13
PASTOR GERALDO CARNEIRO FILHO
e-mail: geluew@yahoo.com.br
blog: http://pastorgeraldocarneirofilho.blogspot.com/
I – INTRODUÇÃO:
Lc 3:21-22; 4:14-21 - Só depois que o Espírito Santo desceu sobre
Jesus, foi que Ele começou a declarar que era ungido. Assim, dentre outros
cargos, Ele ministrava no de profeta com unção e autoridade – Mc 6:4; Jo 8:40.
II – A IDEIA ESCRITURÍSTICA
DE PROFETA:
OS TERMOS EMPREGADOS NAS ESCRITURAS – O V.T. emprega três palavras para designar
um profeta:
(A) - NABHI (Alguém que vem com mensagem da parte de Deus – Ex 7:1; Dt
18:15, 18);
(B) - RO’EH e CHOZEH (estas
significam Alguém que recebe revelações da parte de Deus, particularmente na
forma de visões).
Outros designativos bíblicos são:
HOMEM DE DEUS; MENSAGEIRO DE DEUS e VIGIA.
No N.T. usa-se a palavra PROPHETES = PROFERIR.
Desses nomes, tomados em conjunto,
podemos deduzir que o PROFETA É
ALGUÉM QUE VÊ COISAS, ISTO É, QUE RECEBE REVELAÇÕES, QUE ESTÁ A SERVIÇO DE
DEUS, PARTICULARMENTE COMO MENSAGEIRO, E QUE FALA EM SEU NOME.
III -
JESUS, O PROFETA RECONHECIDO:
Jesus não foi apenas um Profeta e,
sim, O GRANDE PROFETA, Senhor absoluto de todas as revelações do Pai, do Céu,
do futuro e da eternidade. Ele foi reconhecido O Profeta prometido:
(1) - PELO TESTEMUNHO DAS ESCRITURAS – Ele foi o Profeta, cuja
vinda fora predita por Moisés, cerca de 1500 anos antes do Seu nascimento - Dt
18:15, 18 cf At 3:22-23; 7:37.
(2) - PELO CARÁTER MARAVILHOSO DO SEU MINISTÉRIO – Várias vezes
Jesus foi identificado como Profeta de Deus, pelos feitos maravilhosos que
realizava - Mt 21:11, 46; Mc 6:15; 8:28; Lc 7:16; 24:19; Jo 3:2; 4:19; 6:14;
7:40; 9:17.
(3) - PELA REVELAÇÃO DE DEUS AOS HOMENS – Este é um aspecto dos
mais importantes do ministério profético e Jesus o desempenhou da maneira mais
sublime e mais perfeita. A mulher samaritana, ao ouvir Jesus falar do Pai e da
adoração a Deus, dominada pelo poder da inspiração das palavras de Jesus, foi
constrangida a confessar (Jo 4:19).
(4) - PELAS SUAS PREDIÇÕES DE FUTURO E DA ETERNIDADE – A predição
é, inegavelmente, um aspecto distinto do ministério profético. As predições
proféticas de Jesus não têm atualmente apenas aquele aspecto escatológico, mas
também o histórico. Muitas de Suas profecias são coisas do futuro, aceitas pela
fé somente. Outras, entretanto, já se cumpriram literalmente ou estão se
cumprindo à vista de todos: terremotos, guerras e rumores de guerra, fomes e
pestilência (Mt 24:3-35; Lc 19:41-44). Entre outras, cuja veracidade é
sobejamente comprovada pela História, destaca-se a destruição de Jerusalém,
ocorrida no ano setenta da Era Cristã, pelo exército de Tito, general romano
(Lc 19:41-44 cf Lc 13:32-34). Estes passos revelam ser Jesus o Grande Profeta,
com a maior autoridade e o mais glorioso ministério (Lc 7:16).
(5) - JESUS CHAMOU-SE A SI MESMO PROFETA – Mt 13:57; 23:37; Lc
13:33
IV – PONTOS ANÁLOGOS
ENTRE O MINISTÉRIO DO PROFETA DO ANTIGO E DO NOVO TESTAMENTO:
(A) – PROCEDÊNCIA DOS MINISTÉRIOS -
Ambos provinham do Espírito Santo. A analogia consiste fundamentalmente em
serem os ministérios dos dois pactos resultados da inspiração do Espírito
Santo, na forma dos desígnios de Deus.
(B) – SEUS ASPECTOS PREDITIVOS - Em
ambos aparece o aspecto preditivo do ministério profético.
Leiamos At 11:27-28; 21:10-11 - Na
profecia de Ágabo, vemos manifestadas verdades doutrinárias dignas de nota,
pois a predição em si veda-nos o direito de negar dogmaticamente (como tentam
alguns autores), o aspecto preditivo da profecia do Novo Testamento. Deus é
soberano para proceder conforme as necessidades do Seu povo, em diferentes
circunstâncias.
A única norma infalível na
regulamentação dos dons espirituais é a Palavra de Deus e, de acordo com esta,
a profecia nunca deixou de ter a parte preditiva, ainda que nem sempre consista
de predição exclusivamente.
Nos textos já citados, as profecias
são preditivas. Ágabo predisse "...que estava para vir grande fome por
todo o mundo, a qual sobreveio nos dias de Cláudio" (At 11.28).
Predisse que Paulo seria preso pelos
judeus em Jerusalém e isto aconteceu dias depois (At 21.10-11 e 30-37).
Houve predição e tudo se cumpriu. O
cumprimento da profecia é, invariavelmente, a prova de sua autenticidade (Dt
18.22).
Portanto, não é razoável negar que
haja ou possa haver predição em uma profecia atualmente. À semelhança do
ministério profético da dispensação passada, Deus quer avisar o Seu povo ou
preveni-lo contra circunstâncias adversas a se manifestarem, ou despertando-o,
como muitas vezes temos visto acontecer.
(C) – OS PROFETAS ERAM MINISTROS
PREGADORES - Tanto no Antigo como no Novo Testamento, os profetas eram
ministros pregadores. Como se deduz de l Coríntios 14.4, 30 e 31:
Em I Cor 14:4, a prédica pode ser
uma mensagem de "edificação, exortação e consolação";
Em I Cor 14:30, é revelação; e
Em I Cor 14:31, é ensinamento: -
"Porque todos podereis profetizar, um após outro, para todos
aprenderem...".
Em Atos l5.23, temos o profeta
consolando, fortalecendo e aconselhando: “Judas e Silas, que eram também
profetas, consolaram os irmãos com muitos conselhos e os fortaleceram".
Ao texto citado, poder-se-ia dar
esta versão: "Os pregadores Judas e Silas, que eram também profetas";
este último foi também um dos pioneiros na evangelização da Ásia e da Europa,
em companhia de Paulo (At 15 a 18).
Portanto, o profeta no Novo Testamento
pode ser o pregador dos tempos apostólicos e dos nossos dias.
Isto, contudo, não significa que
qualquer pregador seja profeta ou que profeta seja um outro nome dado ao
pregador. Há distinção entre os dois ofícios, conquanto possam ser encontrados ou
manifestados em um só ministro cheio do Espírito Santo.
É certo, também, que o título de
profeta bem poderia ser usado para designar o ministério de alguns obreiros, em
virtudes da sua natureza sobrenatural, pela abundância da inspiração com que
proclamam os oráculos de Deus: Tudo parece novo; pura revelação; edificação que
conduz o crente à vitória plena, nos momentos de dúvidas, com exortações que
consolam; confortos que trazem libertação completa; revelações que abrem novos
horizontes e inspiram novas esperanças! Estas são as características do
ministério profético no Novo Testamento.
Paulo faz menção deste ministério,
destacando o seu caráter arrebatador: "Se todos profetizarem, e entrar
algum incrédulo, ou indouto, é ele por todos convencido, e por todos julgado;
tornam-se-lhe manifestos os segredos do coração, e, assim, prostrando-se com a
face em terra, adorará a Deus, testemunhando que Deus está de fato no meio de
vós" (l Co 14.24-25).
O ouvinte, como frequentemente tem
acontecido diante da mensagem penetrante, sente-se como se o pregador estivesse
bem informado de sua vida pecaminosa e estivesse pregando a respeito dele e
para ele exclusivamente. Então, "prostrando-se", submete-se
inteiramente a Deus, aceitando a mensagem salvadora. Este ministério sempre foi
e continua sendo (onde se manifesta), um meio eficaz de promover avivamento
espiritual.
Os profetas tinham o ministério
distinto dos mestres ensinadores da doutrina na Igreja Primitiva. O ministério
do ensino se caracteriza pela maneira lógica de expor a doutrina, apelando às
faculdades racionais dos ouvintes. Do profeta, ao contrário, a sua mensagem
apela mais diretamente à consciência, através das emoções.
A mensagem do profeta no Novo
Testamento é produto de imediata revelação do momento. Pode ser mediante a
iluminação de um texto ao pregador e a poderosa inspiração na exposição da
mensagem ou propriamente pelo dom de profecia. De uma maneira ou de outra, este
ministério se evidenciará pelo seu caráter sobrenatural.
V -DIFERENÇAS ENTRE OS PROFETAS DO A.T. E OS DO
N.T.:
Como ficou demonstrado, conquanto
haja muita semelhança entre os ministérios proféticos do Antigo e do Novo
Testamento, há, contudo, algo bastante diferente e consiste no seguinte:
(A) – NÃO TEM AS MESMAS
CARACTERÍSTICAS - Os mesmos textos que revelam a manifestação da profecia
preditiva na atual dispensação, também demonstram não possuir este dom todas as
características e finalidades do ministério profético anterior.
Ágabo, um autêntico profeta, ao
predizer a fome que sobreviria em dias futuros, limitou-se a "dar a
entender pelo Espírito que estava para vir grande fome, por todo o mundo".
O mais ficou com a assembleia, com "os discípulos, que resolveram enviar
socorro aos irmãos".
Quando predisse a prisão de Paulo em
Jerusalém, "tomando o cinto de Paulo, ligando com ele os seus próprios pés
e mãos, declarou: Isto diz o Espírito Santo: Assim os judeus em Jerusalém farão
ao dono deste cinto e o entregarão nas mãos dos gentios..."
O conselho para que Paulo não subisse
a Jerusalém foi de Lucas e demais companheiros do apóstolo. A decisão foi de
Paulo, que, orientado e dirigido pelo Espírito Santo, afirmou: "Estou
pronto, não só para ser preso, mas também para morrer em Jerusalém pelo nome do
Senhor Jesus".
Sendo um homem espiritual, profundo
conhecedor da instância da profecia, Paulo não se demoveu da convicção de estar
no plano de Deus a sua ida a Jerusalém, que era o caminho, para que
testemunhasse de Jesus em Roma.
Ágabo e os demais, não o podendo persuadir,
conformados, disseram: "...Faça-se a vontade do Senhor" (At 21:10-14;
23:11).
(B) – NÃO TEM A FINALIDADE DE
ESTABELECER NORMAS - A autoridade máxima em matéria de fé, a norma infalível da
vida espiritual, a temos completa e perfeita no Antigo e no Novo Testamento.
Nem podemos crer que possuam
realmente o dom de profecia aqueles que pretendem ser profetas, sem se
submeterem às normas estabelecidas pela Palavra de Deus e ensinadas por aqueles
a quem Ele chamou, ungiu e confirmou como seus ministros, para o bem de sua
Igreja. Aliás, esta era também a concepção autorizada de Paulo. "Se alguém
se considera profeta, ou espiritual, reconheça ser mandamento do Senhor o que
vos escrevo" (l Co 14.37).
As porções bíblicas que analisamos
deixam bem claro que o dom de profecia no Novo Testamento não tem a finalidade
de estabelecer normas para a vida cristã, para o governo da Igreja e para a
maneira de agir dos ministros, especialmente se tais "normas" são
contrárias às doutrinas neotestamentárias.
(C) – CONTINUA NA ATUAL ALIANÇA -
Talvez a maior diferença entre o ministério profético passado e o atual habite
no fato de nada haver que evidencie o desaparecimento total deste dom
ministerial, ou qualquer outro dom concedido à Igreja de Cristo. Continua
existindo. Existirá na Igreja de Cristo até a Sua vinda, onde quer que seja
aceita a sua vigência, de acordo com o padrão escriturístico. Nós o temos
visto, bem como os demais dons, manifestados em nossos dias, em nosso meio.
Permita Deus que os cristãos despertem para reconhecer a importância e a grande
necessidade deste ministério na Igreja.
VI – CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Apresentamos duas oportunas palavras
de advertência para todos nós:
(1ª) – NÃO NEGLIGENCIEMOS OS DONS
ESPIRITUAIS - Tememos que a negligência dos cristãos de hoje para com os dons
espirituais já implique em desprezo aos recursos divinos concedidos à Igreja.
Quanto ao dom de profecia, não deve
ser negligenciado pelo receio de usá-lo erradamente. Aliás, nos dias de
excessiva degeneração moral em que vivemos, não é tão grande o perigo do
fanatismo (exceto no uso dos dons), como do formalismo e conformação com o que
chamamos novo ritmo social; e
(2ª) – O DOM DE PROFECIA NÃO É
INFALÍVEL - Receamos que haja alguns desejosos do dom de profecia e, ao
contrário do exemplo de Eliseu, se mostrem satisfeitos simplesmente por
receberem a "capa de Elias", não se preocupando com o necessário
encontro com o Deus de Elias, do que depende a verdadeira autoridade para
qualquer ministério espiritual, do que dependem os grandes resultados reais (2
Rs 2.14).
De acordo com os ensinos de Jesus, o
profeta deve ser classificado, não tanto pelos dons e, sim, pelo fruto do
Espírito; é o que se deduz de Mateus 7.15-23.
Receamos que alguns, neste particular,
estejam seguindo o exemplo do rei Reoboão, que vendo roubada a Casa do Senhor
dos "escudos de ouro que Salomão tinha feito" os substituiu por
"escudos de bronze" (l Rs 14.25-28). O bronze, mesmo muito bem
polido, nunca se equipara ao ouro em beleza nem em valor. É sempre bronze!...
Se o ministério profético do Novo
Testamento, em nossa concepção, consiste apenas em profecias que aparecem em
termos da doutrina escrita e frequentemente pregada dos púlpitos, trará consigo
a impressão de mera repetição ou coisa desnecessária, especialmente quando
proferidas sem aquele distintivo sempre presente na verdadeira profecia, o
poder da inspiração divina, que torna inconfundível a voz do Espírito Santo,
despertando e edificando.
É certo que o Espírito Santo não
erra e não falha. A falha ou o erro é de instrumento humano. Se, contudo, não
houvesse a possibilidade de falhas ou erros na profecia, seria desnecessária a
recomendação: "Tratando-se de profetas, falem apenas dois ou três, e os
outros julguem" (l Co 14.29).
Precisamos tremendamente do
ministério profético na Igreja em nossos dias, mas do modo equilibrado, real e
tão proveitoso como descreve O Novo Testamento!
FONTES DE PESQUISAS E CONSULTAS:
1. Souza, Estêvam Ângelo de -
Títulos e Dons do Ministério Cristão – CPAD
2. Bergstén, Eurico - A Santa
Trindade – CPAD
3. Berkhof, Louis - Teologia
sistemática – Luz Para o Caminho Publicações.