ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL
IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLEIA DE DEUS EM ENGENHOCA
NITERÓI - RJ
LIÇÃO Nº 06 - DATA: 11/05/2014
TÍTULO: “O MINISTÉRIO DE APÓSTOLO”
TEXTO ÁUREO – Ef 4.11
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Ef 4.7-16
PASTOR GERALDO CARNEIRO FILHO
e-mail: geluew@yahoo.com.br
blog: http://pastorgeraldocarneirofilho.blogspot.com/
I – INTRODUÇÃO:
Correspondente com o sentido ou
significado do título ministerial que estudaremos nesta lição, vamos encontrar
no Novo Testamento três grupos de apóstolo. Nisto podemos obter a resposta para
as questões e divergências quanto à vigência deste dom ministerial em nossos
dias.
II – A PALAVRA “APÓSTOLO”:
Apóstolo significa enviado,
mensageiro, embaixador, missionário. O título é aplicado a Jesus, como enviado
pelo Pai; aos doze discípulos, como enviados pelo Filho; a Paulo, a Barnabé e a
outros, como enviados pelo Espírito Santo, através da Igreja.
III – JESUS, O APÓSTOLO ENVIADO PELO PAI:
Hb 3.1 cf Jo 10.36 - Jesus é
apresentado como apóstolo enviado pelo Pai e a ninguém encontramos melhor
qualificado do que Ele para esse ministério.
Nos evangelhos, encontramos de
maneira indubitável as características do Apóstolo Modelo, a saber: sua
habilidade, suas qualidades, suas credenciais e sua obra. Vejamos, de forma bem
resumida, cada uma delas.
(1) - Sua Habilidade - Apóstolo significa
também mensageiro, e não se pode admitir mensageiro sem mensagem. Jesus, como
mensageiro, não somente trouxe ao mundo a mensagem do Pai, como também poderia
fazer o mais hábil apóstolo. Ele mesmo era o Verbo de Deus (Jo 1.1,14). Sua
palavra era repassada de autoridade suprema. Seus ouvintes percebiam que Ele
falava com autoridade e não como os escribas do povo. A razão dessa autoridade
o próprio Cristo no-la apresenta - Jo 3.34. Podemos receber na capacidade de
simples vaso, mas Jesus recebia do Pai, com a capacidade de uma fonte profunda
e inesgotável.
(2) - Suas Qualidades - Jesus
apresenta a sua espontânea submissão à vontade do Pai, como prova de ser
enviado por Deus - o apóstolo. Tinha o executar a vontade de Deus, como a sua
principal comida – Jo 4.34; 6.38.
A submissão de Jesus à vontade do
Pai não era simples empenho por desincumbir-se de uma tarefa que lhe fora
imposta, mas o interesse supremo e o desejo ardente de promover a glória
dAquele que o enviou, o que apresentava como prova de ser enviado por Deus.
Nisto repousa a autoridade dos seus ensinos, em contradição com os falsos
apóstolos, que buscam a sua própria glória - Jo 7.18.
(3) - Suas Credenciais - Aos que
duvidavam da autoridade do seu apostolado divino, Ele respondia - Jo 5.36. João
Batista, quando assaltado pelas dúvidas, enviou os seus discípulos a Jesus com
um questionamento, O Senhor Jesus apresentou aos mensageiros de João as suas
credenciais – Lc 7.20-22. A questão seria se Jesus era de fato o prometido, o
enviado de Deus. Os feitos maravilhosos de Jesus a tal ponto constituíam provas
de ser Ele o enviado de Deus, que, aos que duvidavam, limitava-se em dizer – Jo
14.11. Os Seus discípulos reconheceram que Ele era "...poderoso em
obras..." (Lc 24.19).
(4) – Sua Obra - Já vimos que
apóstolo significa enviado, mensageiro, termo que traz a ideia de missão
importante, e, em relação a Jesus, fala da importância da obra a ser realizada
e das qualidades exigidas para a sua execução. Jesus não foi apenas um
apóstolo, e, sim, o Apóstolo de nossa confissão. Satisfez todos os requisitos,
apresentou todas as qualidades. Tornou-se grande modelo, cumprindo fielmente
todos os itens de sua grande comissão, executando-a exemplarmente, nos seus
ensinamentos, nas suas obras, na sua vida e na sua morte – Jo 3.17; 5.24.
IV - OS
DOZE APÓSTOLOS ENVIADOS PELO FILHO:
Jesus foi enviado pelo Pai com uma
grande comissão a ser executada, inicialmente por Ele, continuada até a sua
segunda vinda. Por isto, tão logo começou o seu ministério, escolheu entre os
Seus discípulos doze homens, a quem instruiu, treinou e adestrou a expansão e
consolidação de sua Igreja, de acordo com o que determinara o Pai – Jo 20.21.
O Pai o enviara a proclamar a
chegada do reino de Deus e a consumar a obra redentora, mediante a sua morte no
Calvário. Esta tarefa era total e exclusivamente sua. Concluída, o Mestre
enviou (constituiu apóstolos) a proclamarem os resultados de sua morte, a serem
usufruídos por quantos viessem a crer na sua Palavra e a testemunharem dos seus
feitos miraculosos e da sua ressurreição.
(1) – Habilitação – Mt 4.18-21; Mc 3.13-14
- Jesus já havia chamado alguns discípulos, constituindo-os pescadores de
homens. Já nas expressões, "vieram para junto dele e para estarem com
ele", encontramos a forma de preparo e habilitação dos apóstolos para a
grande obra que lhes estava destinada. Não há dúvida de que a intimidade e comunhão
com Cristo é o melhor preparo para o seu trabalho. O efeito desta convivência
íntima com Cristo foi tão positivamente influente que, anos depois, as próprias
autoridades e opositores dos apóstolos o reconheceram - At 4.13.
Não pode ensinar quem antes não
aprendeu com Cristo. Não pode liderar quem não aprendeu a obedecer a ordens e a
cumpri-las. Não pode ter autoridade quem não aprendeu a ser submisso.
Os discípulos a tal ponto foram
influenciados pelo convívio com Jesus, que por fim abandonaram as pretensões de
grandeza. Não mais cogitaram "quem dentre eles seria o maior"; ao
contrário, o conceito que tinham de apóstolo era de uma missão, de grandes
obrigações e não de uma elevada posição, com autoridade superior aos demais. Esta
é a concepção certa: o ministério apostólico se identifica e é reconhecido pela
realização da obra de apóstolo.
Desta convivência íntima com Jesus,
os doze apóstolos receberam:
(A) - Conhecimento experimental – Jo
1.14; II Pe 2.16.
(B) – Autoridade - Autoridade em
nome de Jesus sobre os homens para obediência e, como sua prova, autoridade
sobre os demônios para os submeterem (Lc 10.17). Esta autoridade ninguém a
possui, a não ser pela fé em o nome de Jesus. Nela está a presença do dom de
Deus para o apostolado.
Os apóstolos reconheceram a autoridade
emanada do nome de Jesus:
(B.1) – Para libertação da alma, do
poder do pecado, pela remissão – At 10.43.
(B.2) – Para libertação do corpo das
enfermidades – At 3.6, 16.
Para eles o nome de Jesus era fonte
inesgotável de ilimitada autoridade. Era o estandarte que lhes assegurava o
pleno domínio sobre todos os poderes oriundos do reino das trevas.
Foram testemunhas auriculares dos
ensinos maravilhosos de Jesus. Foram testemunhas oculares dos seus feitos
miraculosos e da sua ressurreição. A tal ponto levaram a sério a incumbência e
as qualificações exigidas para o encargo que, diante do problema da
substituição de Judas no apostolado, não olvidaram a importância de alguém que
houvesse estado com Jesus todo o tempo - Lc 24.48; At 1.21-22.
Os doze foram privilegiados pelo
fato de serem testemunhas diretas:
(A) - Dos ensinos de Jesus,
ouvindo-o, dialogando e interrogando naquelas oportunidades, que só eles
tiveram, o que ocasionou as explicações de ensinos difíceis de entender, como
entre outros, as parábolas do semeador e do joio, que poderiam ser objeto de
diferentes interpretações, se não houvessem sido explicadas pelo Mestre.
(B) – Dos milagres operados por
Cristo, em afirmações unânimes, coerentes, exatas e seguras, como pela
providência divina, para preservação da veracidade histórica dos seus feitos,
como credenciais do seu ministério divino, ante as tentativas dos incrédulos e
materialistas, de negarem a origem sobrenatural dos milagres do Senhor Jesus.
(C) – Da Sua ressurreição, em condições
tais que Lucas, depois de acuradas investigações dos fatos, junto aos que foram
deles testemunhas oculares (Lc 1.2,3), afirma que Cristo "...se apresentou
vivo, com muitas provas incontestáveis, aparecendo-lhes durante quarenta dias e
falando das coisas concernentes ao reino de Deus" (At 1.3,4).
O privilégio de conversar com
Cristo, antes e depois da morte, na sua humilhação e na sua glorificação, coube
exclusivamente aos doze apóstolos. NESTE PARTICULAR, OS DOZE NÃO TIVERAM SUBSTITUTOS.
Estes privilégios não os tiveram outros chamados apóstolos posteriormente.
Mattew Henry diz: "Os doze discípulos, os primeiros enviados por Cristo,
são eminentemente chamados apóstolos; são os Primeiros Ministros de Estado do
seu reino".
Por estes motivos, como memorial
eterno, estarão gravados nos doze fundamentos da muralha da Nova Jerusalém
"...os doze nomes dos doze apóstolos do Cordeiro" (Ap 21.14), e
assentar-se-ão "...em tronos para julgar as doze tribos de Israel"
(Lc 22.30). Este juízo será baseado na doutrina que receberam diretamente do
Filho de Deus e transmitiram aos seus contemporâneos, das doze tribos de
Israel.
V - PAULO, BARNABÉ E OUTROS APÓSTOLOS ENVIADOS PELO
ESPÍRITO SANTO:
At 13.1-4 - Aos doze, Jesus chamou e
enviou. Aqui é o Espírito Santo quem chama e envia. O Espírito Santo tem
autoridade divina para chamar e enviar, e os termos são os mesmos usados por
Cristo, indicando o mesmo ofício e a mesma comissão.
Paulo e Barnabé não apenas seguiram em
uma viagem evangelística ou missionária; foram enviados pelo Espírito Santo, e
por isto e porque o trabalho que realizaram era realmente uma obra apostólica,
foram reconhecidos como apóstolos.
A respeito da luta destes enviados
pelo Espírito Santo, em Icônio e Listra, encontramos o seguinte registro - At
14.4,14.
Em Romanos 16.7, lemos que Adrônico
e Júnia eram notáveis entre os apóstolos ou como apóstolos. Presume-se que eles
se tornaram merecedores deste título, pelo seu zelo apostólico, como pregadores
ou missionários. De igual modo, o ofício apostólico é também atribuído a Tiago,
irmão do Senhor (Gl 1.19), que certamente converteu-se depois da morte de
Cristo (Jo 7.5; At 1.14). Estes foram chamados apóstolos, constituídos e
enviados pelo Espírito Santo e, sem dúvida, exerceram um ministério com aquelas
características apostólicas.
(A) – Suas credenciais - Paulo as
apresenta aos coríntios, nos seguintes termos - 2 Co 12.12. Como já estudamos,
foram estas as credenciais do Grande Apóstolo, Jesus, ainda que em proporções
maiores. Foram também as mesmas apresentadas pelos doze.
Quando as autoridades dos judeus
procediam contra os apóstolos Pedro e João, por causa da cura do coxo da porta
Formosa, os membros do Sinédrio "consultavam entre si, dizendo: Que
faremos a estes homens? Pois, na verdade, é manifesto a todos os habitantes de
Jerusalém que um sinal notório foi feito por eles e não podemos negar" -
At 4.15-16. A cura divina e a operação de milagres no ministério dos apóstolos
constituíam credenciais aceitas até mesmo pelos inimigos do Evangelho.
Quando Pedro curou Enéia, paralítico
há oito anos, as cidades de Lida e Sarona abriram as suas portas para o
Evangelho, assim como toda Jope – At 9.33-35, 40-42.
Quando Paulo e Barnabé curaram o
homem aleijado e paralítico em Listra, "...as multidões viram o que Paulo
fizera, gritaram em língua licaônica, dizendo: "Os deuses, em forma de
homens, baixaram até nós" (At 14.8, 11). Sem estas credenciais, os judeus
incrédulos e os gentios pagãos, na melhor das hipóteses, poderiam fazer
acertadamente o conceito errado, como ocorreu ao dizer: "São pregadores de
deuses estranhos" (At 17.18).
De alguns apóstolos nada sabemos de
seus ministérios, mas do que nos informa o relato bíblico ou mesmo as
tradições, a operação miraculosa, sempre presente em suas atividades
apostólicas, constituíam credenciais divinas e distingui-los dos pregadores das
diferentes seitas religiosas da época.
(B) – Suas Qualidades Apostólicas -
Verificamos na vida dos apóstolos fraquezas e imperfeições que os identificam
como seres humanos, sujeitos a elas. Entretanto, esses acidentes não ocultam a
beleza das qualidades e a nobreza de caráter com que se qualificaram para um
ministério, em todos os aspectos, sobrenatural. Entre outras, destacamos pelas
suas relações com o dom apostólico, a humildade, a modéstia e a honestidade, com
que reconheciam a sua dependência de Deus, em tudo quanto de maravilhoso
realizavam pela graça de Deus. Essas qualidades eram resultado de uma profunda
experiência espiritual e a prova de sua habilitação para um ministério que iria
chamar a atenção de multidões para eles, que seria o tipo de tentação a que
muitos homens têm sido incapazes de resistir – Pv 27.21. Naturalmente que a árvore
quanto mais alta e mais frondosa tanto mais precisa de raízes possantes e
profundas; do contrário, não resistirá ao impacto dos fortes ventos – Leiamos At
3.4-16; 14.14-15; I Cor 15.10 cf Sl 115.1a.
É quando nos reconhecemos meros
vasos, que Deus pode encher-nos e usar-nos para o desempenho das mais
importantes tarefas. As propagandas exageradas a respeito de conversões de
milhares e de grandes milagres, repetidamente, não tem apoio nestes exemplos.
(C) - As Obras dos Apóstolos - Como
nos itens anteriores falamos das credenciais e das qualidades dos apóstolos,
sem fazer distinção entre os doze, e Paulo e Barnabé, trataremos também aqui,
da obra do apóstolo, nos seus aspectos comuns, visto que neste mesmo capítulo
já analisamos os privilégios, particularmente dos doze.
Cristo lançou o fundamento da Igreja
Universal. Os apóstolos lançaram os fundamentos da igreja como assembleia, a
ser constituída e organizada em diferentes lugares – I Cor 3.10; Ef 2.20.
A Igreja em Samaria foi organizada pelos
apóstolos Pedro e João, mas teve a Filipe como fundador, na qualidade de
pregador pioneiro (At 8.4-13).
Com esta e poucas exceções, foram os
apóstolos que lançaram o fundamento das igrejas, quer como pioneiros da
evangelização, quer como organizadores e doutrinadores. Disto provinha a
autoridade para reclamações como esta: "...Acaso não sois fruto do meu
trabalho no Senhor?.. .Vós sois o selo do meu apostolado no Senhor" (l Co
9.1,2).
Paulo, ao que nos informa o Novo
Testamento, foi o mais destacado neste grande ministério. De modo a magnificar
a graça de Deus, como causa do êxito extraordinário do seu apostolado,
apresenta-se como "sábio construtor" e faz transparecer a presença de
todos os dons ministeriais na sua própria pessoa - 2 Timóteo 1.11.
Identifica-se também como um
autêntico pastor - Gl 4.19; 2 Cor 11.28,29.
Assim, vemos que os doze foram
apóstolos em um sentido único. Que houve apóstolos enviados pelo Espírito
Santo, depois dos doze. Que este dom ministerial Deus estabeleceu na Igreja,
"com vistas ao aperfeiçoamento dos santos, para o desempenho do seu
serviço, para a edificação do corpo de Cristo" - a Igreja (l Co 12.28; Ef
4.11,12).
VI – CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Sabemos que apóstolo significa
também missionário e que não é apenas um título ministerial. É um dom de Deus à
sua Igreja, para um ministério extraordinariamente poderoso. Daí não nos parece
razoável afirmar que “os pastores estão no lugar dos apóstolos”. Como um apóstolo
pode possuir o dom de pastor, em um pastor pode ser visto um apóstolo, mas isto
não é comum, não é fácil, não é regra, e só é justo admiti-lo em face das
qualidades, das credenciais e da obra de apóstolo, no sentido escriturístico.
Também não se pode aceitar que um
missionário seja, em regra, um apóstolo. Não nos cabe determinar, especificamente,
o trabalho do missionário e, de fato, em vários setores de atividades evangelísticas,
poderão ser muito úteis. Não é justo desconhecer o mérito e a importância do
verdadeiro missionário, entretanto, nesta esfera ministerial, tem havido meras
aventuras. A alguns se poderia chamar "turistas remunerados". Há os
que se ocupam de esportes e de seus próprios negócios e de nada mais. Que vivem
de fotografias de grupos que não foram ganhos por eles. Há os que se abrigam à
sombra das grandes Igrejas, a espreitar oportunidades para liderar. Que não
estão infringindo o preceito bíblico, "edificando sobre o fundamento
alheio", porque afinal não estão edificando nada. Os que usam o poder econômico
de suas missões de origem, para exercer influência sobre os pastores locais. A
despeito de tudo isto, "Deus tem levantado homens com a dignidade e poder
apostólico, especialmente nos campos missionários, conquanto não sejam
conhecidos como tais, mediante este título, e sim pela manifestação do poder
espiritual para a realização de trabalho realmente apostólico".
FONTE DE PESQUISA E CONSULTA:
Títulos e Dons do Ministério Cristão – CPAD – Estêvam
Ângelo de Souza